terça-feira, 22 de outubro de 2013

O SONHO DO CASAMENTO


 
 
- Quando nasce, em uma mulher, o sonho de se casar?
- Quando ela é criança.
- Por que nasce?
- Porque sim! Porque todo mundo quer se casar! É assim, é normal, é uma tradição!
 
Talvez o sonho de se casar não nasça de forma espontânea.
Seria possível que todas as meninas manifestassem, naturalmente, o mesmo sonho?
É provável que ele seja construído nas meninas e que não seja necessariamente um sonho, mas um objetivo.
 
Soube que, num tempo distante, as mulheres, e somente elas, eram as verdadeiras herdeiras das terras. As mães transferiam a propriedade para suas filhas e isso era absolutamente natural e respeitado, porque todos sabiam que a TERRA e a MULHER guardavam, entre si, uma íntima relação: a fertilidade e a capacidade de dar e manter a vida.
 
Herdar a terra atribuía muito poder à jovem. Um poder que se manifestava, principalmente, na escolha do homem que com ela viveria.
 
Toda herdeira sabia que suas terras eram suficientes para garantir o alimento necessário aos filhos que viessem. Assim, pouco importava a riqueza que o homem trazia, pois ela se bastava. O que se buscava era a grandeza daquele homem, sua predisposição ao trabalho, sua conduta, seu caráter e, especialmente, seu nível de consciência e espiritualização. No fundo o que elas queriam era o melhor para os seus filhos; que herdassem essas características, ainda que desconhecessem as descobertas do nosso tempo sobre o que um material genético é capaz de transferir por gerações.
 
Mas algo mudou. A história nos mostra que o paternalismo passou a imperar e que os homens, valendo-se da força física, tomaram para si o poder de herdar a terra. Pai passando para o filho. Um fato que pôs fim à tranquilidade da mulher, pois não dependia mais dela, e sim do homem, a garantia do alimento das suas crianças.
 
Iniciou-se, assim, um quadro lamentável que se arrasta até os dias de hoje: a mulher deixou de escolher o homem pelo que ele ERA e passou a fazer sua escolha baseada no que ele TINHA, pois era a manutenção da vida dos filhos que corria risco.
 
A partir de então, um problema se tornou latente: homens que mais se aproximavam do animal reproduziram seu padrão genético por séculos, pois os herdeiros das terras herdaram também brutalidade, ignorância e muito pouco contribuíram em termos evolucionários. 
 
A humanidade perdeu e ainda perde muito quando uma mulher insiste em escolher o homem pelo carro que ele tem. Muitas vezes trata-se de um completo idiota, mas “se tem um carrão”, deve ter muitos outros bens e ela imagina que jamais passará privações.
 
Está convencionado que o rapaz deve atender alguns requisitos para ser um “bom partido”, o que se resume a TER. Assim, todos rumam para o mesmo objetivo. Uns são de fato herdeiros (ainda que também o sejam de uma ignorância histórica), mas muitos se constroem falsamente: financiam suas roupas, seu carro, suas aparições em festas, aprendem a se comportar da forma como se espera e, assim, entram para o rol de “bons partidos”, causando deslumbre nas mulheres, que persistem na ideia de que o importante é o patrimônio.
 
Os valores se inverteram a tal ponto que o desequilíbrio é geral. Nos olhos das herdeiras do passado via-se segurança. Nos olhos de muitas mulheres de hoje, apenas são vistas cifras ($$). Inclusive o amor virou uma questão de ponto de vista, pois, para muitas, o conforto e o status têm se mostrado muito mais interessante do que o sentimento.
 
Mas ainda há mulheres que priorizam o amor e que buscam uma relação feliz. Mesmo estas, e principalmente elas, não foram capazes de romper com o modelo utópico de casamento perfeito. 
 
Para quem acredita em reencarnação, é aceitável o sonho e o desejo intenso de casar-se de noiva para a mulher que, por exemplo, morreu às vésperas do casamento, com enxoval e vestido prontos, sem conseguir viver a experiência das núpcias e da copulação e que volta com expectativas criadas e não vividas, com um sentimento de algo incompleto, inacabado.
 
Mas para as mulheres que, em outras vidas, foram herdeiras, livres e seguras ou se casaram e viveram experiências terríveis de subjugação, violência por parte de maridos carrascos, limitações conjugais de toda ordem, podendo até ter sido queimadas na fogueira da Inquisição, a estas faz sentido o sonho do casamento, dentro do modelo superficial que hoje se apresenta?
 
Decoração da igreja, escolha do buffet, banda, DJ, vestido, daminhas e pajens, chuva de pétalas, clipe dos noivos, máscaras e plumas para o baile, foto, vídeo, blá blá blá, compõem o rol do que está “mais na moda” em termos de cerimoniais e NÃO de um ritual sagrado de união de vidas. O casamento não é mais arranjado para somarem-se as terras das famílias, mas não deixou de ser um negócio.
 
As mulheres perderam a herança e a segurança. Viram-se obrigadas à subjugação ao priorizar o patrimônio do homem em detrimento dos seus valores morais. Mas a vida, hoje, as aproxima da independência financeira que um dia lhes foi absolutamente natural.
 
Porque, então, continuar reproduzindo o padrão falido de casamento perfeito? O noivo, o vestido e a festa perfeita se desintegram diante da menor das dificuldades, pois o padrão que vem sendo reproduzido (e culmina no altar com todas as pompas) tornou as pessoas frágeis sob vários aspectos. Basta que se observe os índices de divórcios, litígios pela guarda dos filhos ou pensões alimentícias e congêneres.
 
Tudo isso apenas torna os homens cada vez piores, pois se estão detestáveis é porque as mulheres os fazem assim. O casamento, nos moldes atuais, é um padrão “Princesas Disney” que em nada contribui para a evolução humana e espiritual tão necessária para a felicidade que se espera.
 
Escolher o homem por quem ele é e unirem-se por amor, sim, sempre! Casar-se reproduzindo um padrão imposto, não mais! Ou algo no seu íntimo causará tamanho desconforto que a conduzirá para uma infelicidade profunda, carregada de males modernos.
 
Aproximar-se dessa consciência nos obriga a combater uma das grandes causas do sofrimento humano: acreditar que o conforto material é o que basta. Não basta e já não faz feliz há muito tempo!
 
Voltamos a ser livres!
Podemos fazer outras escolhas.
São elas que guardam a nossa verdadeira felicidade!
Acredite!
 

 
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